sábado, 9 de fevereiro de 2008

Pateadas no teatro...

Antigamente, o público mostrava o seu descontentamento atirando pedras para o palco, segundo um édito afixado em Paris em 1376. Mais tarde, utilizaram-se como projécteis bolos de arroz, que eram vendidos às portas do teatro. Somente no ano de 1680, o público começou a manifestar o seu descontentamento perante as representações, recorrendo à vaia estridente do assobio ou a bater com os pés, a conhecida “pateada”.

Em Portugal, no século XVIII atiravam-se legumes para o palco. Há um caso célebre: quando, no dia 22 de Janeiro de 1766, estreou no Teatro do Bairro Alto a peça Teatro Novo, do árcade Corydon Erimantheo (Correia Garção), o público resolveu demonstrar o muito que estava a gostar da representação atirando com tantos legumes para o palco que o espectáculo não chegou ao fim. E, que se saiba, a peça não voltou a ser representada... Pelo menos, os actores e restante pessoal do teatro puderam fazer uma sopinha, já que a bilheteira não há-de ter rendido grande coisa... Olha se o público do S. Carlos fazia o mesmo à ópera do Emanuel Nunes?

Hoje em dia, as pateadas mudaram de "feitio" e apresentam variantes: o assobio é talvez a mais comum. E o bater com os pés no chão também mudou de significado. Em Salzburg, nos concertos, bater com os pés é o melhor elogio. Pelo mundo inteiro, os coros também aplaudem os solistas batendo com os pés no chão. Há que saber os códigos, gente!

4 comentários:

Simão Miranda disse...

No Scala de Milão, há bem pouco tempo, um "divo" foi pateado, não gostou, saiu e teve de ser substituído por um reserva que foi cantar de calças de ganga e sem a voz aquecida.
Isto há com cada uma.
Estas vedetas são mesmo orgulhosas

a rapariga disse...

Olá!
Caro Warhol's Paradox,a sua história é de partir o côco! Mas não precisa de ir mais longe... Aqui mesmo,em Portugal, no Teatro Nacional de São Carlos, dizem as más línguas que na récita de estreia, "Das Märchen" também foi pateada... Eu não posso censurar... lol

A Bruxa das PAPs disse...

http://www.youtube.com/watch?v=AxyBxbGF-Qg
A história está aqui: o tenor Robert Alagna abandona o palco durante uma récita da «Aïda»... Divirtam-se e... vejam o profissionalismo do substituto: a soprano nem teve de abrandar o tempo!
Já quanto a «Das Märchen» acho que o problema foram mesmo... os abandonos. No fim, diz quem lá esteve, sobravam muito poucos espectadores. Nos dois dias...

a rapariga disse...

É de morrer a rir! Mas é, de facto, extraordinário o profissionalismo do senhor Antonello Palombi!