sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Um senhor actor!

António Maria da Silva foi um dos maiores e mais marcantes actores portugueses.
Nascido no seio de uma família humilde a 15 de Agosto de 1886, ainda jovem teve vários empregos, onde destacamos: empregado de retrosaria, caixeiro de drogaria e bombeiro (tendo chegado a comandante).
Com apenas 16 anos já assistia a todas as peças que passavam no Teatro D. Amélia, na Rua do Tesouro Velho, o actual Teatro São Luiz.
Após ter frequentado vários grupos amadores, a sua verdadeira estreia teatral dá-se em 1910 com peça O Novo Cristo, de Tolstoi, que a companhia de Alves da Silva levava à cena no Teatro da Rua dos Condes.
Ao que parece, o talento deste jovem não passou despercebido (e muito bem) e foi contratado para interpretar outros papéis, ainda que pequenos, em peças como O Conde de Monte Cristo ou O Rei Maldito.
Entre 1913 e 1921, viaja pelo Brasil, em tournée, com a companhia de António de Sousa, onde em 1920, se estreia no mundo cinematográfico (Convém Martelar e Coração Gaúcho). No mesmo ano casa-se com Josefina Silva.
Só em 1921 passa a primeira figura de cartaz. Quando volta a Portugal, trabalha até 1928 na companhia Satanella/Amarante, em peças de teatro ligeiro e de revista, onde se destaca com Água-Pé (a sua primeira experiência no teatro de revista).
Até 1932 vai fazendo várias revistas no Teatro Variedades e no Maria Vitória.
Acaba por chegar ao topo do cinema português depois de passar por outras companhias teatrais como as de Lopo Lauer, António de Macedo, Comediantes de Lisboa, Vasco Morgado.
Figura, então, no elenco principal do filme A Canção de Lisboa, de Cottinelli Telmo (1933), onde interpreta o alfaiate Caetano.
A partir daqui, participa em mais de trinta filmes, variando entre papéis cómicos e dramáticos, criando personagens inolvidáveis. Em 1944 ganha o prémio Actor do Ano, do SNI (Secretariado Nacional de Informação), pelo seu desempenho em A Menina da Rádio. É nesse ano que faz a sua entrada para a companhia de António e Francisco Lopes Ribeiro, Comediantes de Lisboa, no Teatro da Trindade .
Uma das principais provas como actor dá-se em 1945, na peça Pigmaleão, de Bernard Shaw, onde interpretava o papel de Doolittle.
Em 1950 formou uma sociedade artística que explorou o Teatro Apolo durante dois anos, em que participaram actores como Irene Isidro, Laura Alves, Ribeirinho, Barroso Lopes e Carlos Alves. Trabalhou com Leitão de Barros, Jorge Brum do Canto, António Lopes Ribeiro, Arthur Duarte e Perdigão Queiroga, alguns dos realizadores com quem se cruzou durante mais de 30 anos de cinema.
As Pupilas do Senhor Reitor (1935), O Pátio das Cantigas (1942), O Costa do Castelo (1943), Amor de Perdição (1943), Camões (1946), O Leão da Estrela (1947), Fado (1948) são alguns dos filmes onde a sua interpretação é notável. O seu último filme terá sido O Sarilho de Fraldas em 1966, com António Calvário e Madalena Iglésias.
Morre a 3 de Março 1970.














António Silva é nome de rua na Amadora...

NOTA: Qual de vocês não se riu já com as impagáveis piadas nos vistos e revistos filmes com António Silva, devidamente acolitado por actores como Vasco Santana, Ribeirinho, Maria Matos, Beatriz Costa e tantos, tantos outros actores da época de ouro do cinema portugês?
Contribuição da nossa correspondente D. Recibos, a quem muito agradecemos

4 comentários:

Anónimo disse...

ahhh o sr Antonio Silva. Um diz um vidente dos infernos disse-me que eu estava protegido pelo sr. actor.
presumo que seja uma boa benção apesar de nao conhecer o trabalho do senhor.

Beijos do Inferno

Teresa Raquel disse...

Que bom que é viver numa geração em que já se passam filmes do tempo deste senhor para DVD... É uma delícia.

Beijinho

Anónimo disse...

Attention!

A Bruxa das PAPs disse...

Mas que sorte, sr. Lúcifer! E é verdade, D. mim, é uma sorte podermos ver os filmes do António Silva em DVD!