terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Faz hoje anos...

Que teve início formal o CITAC – Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra. Nesse dia foram aprovados os estatutos do grupo pela Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra.
Em Coimbra, na altura, havia uma companhia de teatro universitário, dirigida por Paulo Quintela, que estava vocacionada, sobretudo, para o teatro mais clássico: o TEUC – Teatro Experimental da Universidade de Coimbra. Com um trabalho notável, deixava, ainda assim, espaço para outras iniciativas. E é assim que, no dia 26 de Fevereiro nasce o CITAC, onde podiam ingressar todos os estudantes universitários ou não.
Na altura, existiam o Teatro-Estudo do Salitre (Gino Saviotti dir.), a Casa da Comédia (Fernando Amado dir.), os Companheiros do Páteo das Comédias (António Pedro – lembram-se? – Jorge de Sena e Costa Ferreira) e, a partir de 1953, o TEP – Teatro Experimental do Porto, dirigido por António Pedro. Nas palavras de Rui Vilar, “é um período rico entre a tradição naturalista, o realismo carregado de preocupações sociais e as tentativas de trazer ao teatro a problemática existencial. É também o tempo de desmontagem e de recriação dos mecanismos da convenção teatral até ao extremo, com o teatro vocabular de Ionesco, que ‘não é bem psicológico, nem simbolista, nem surrealista, nem social’.
É neste caldo de cultura em que se misturam a vontade de ser diferente, a busca de alternativas, a ânsia de modernidade e a rebeldia contra o establishment que surge o CITAC.”
No início, não existe director: o grupo de estudantes fundadores pede ajuda a Vasco Lima Couto. Nesse primeiro ano de vida fazem espectáculos: Nau Catrineta, Egipto Gonçalves, com encenação de Vasco Lima Couto, que também encenou Encontro de Alexandre Babo e O Doido e a Morte, de Raul Brandão, encenado por Mário Temido.
No ano seguinte é a vez do poema dramático de Torga, Mar, ser encenado pelo encenador de que queriam “fugir”, Paulo Quintela.
Os actores iniciais eram: Manuel Alegre, Rosa de Jesus Lima, Yvette Centeno. Maria Isabel Resende, Aníbal Almeida, Adérito Guerra, Paulo Fonseca, Francisco Delgado e Hugo Lopes.
Pelo CITAC passaram encenadores tão variados como António Pedro (ainda e sempre), Luís de Lima, Jacinto Ramos, Carlos Avilez, Vitor Garcia, Ricardo Salvat, Mário Barradas entre muitos outros.
De dois em dois anos, o CITAC – que tem um curso de formação de actores – abre as portas a vinte novos elementos, num processo contínuo de renovação e continuidade.
Enfim… o CITAC cresceu, evoluiu, cresceu… e fez 50 anos em 2006. Quem diria, ein?
Deixo-vos com as palavras de um dos elementos, Ana Fernandes: “Não desconfiava da natureza insubordinada do grupo até ver a excentricidade e a desarrumação que caracterizava a Sala de Direcção – muitos cartazes e fotos, rabiscos e dizeres vários nas paredes – ainda lá está uma foice e um martelo a vermelho – revistas e latas de Coca-Cola pelo chão e dois computadores sempre a funcionar a meio-gás. No Teatro-Estúdio (o espaço mais polivalente do mundo) as extravagâncias e os desvarios citaquinos confirmaram-se e acho que também se expandiram no nosso grupo. Depois de meio ano trancada com vinte doidos durante quatro horas por dia, são muitas as coisas que ficam arquivadas no nosso disco rígido.”

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