quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Definições...

Diabo: o autor de todos os nossos infortúnios e proprietário de todas as coisas boas deste mundo.
Ambrose Bierce, Dicionário do Diabo.

António Pedro (da Costa)

Em 1909 a cidade da Praia, em Cabo Verde, viu nascer um homem que teve um papel importantíssimo na construção do teatro português moderno nas suas várias dimensões – António Pedro da Costa. Foi um espírito multifacetado, o autêntico homem dos sete ofícios, admitido pelo próprio quando afirmou: "Tenho talentos em quase tudo". Esse quase tudo refere-se a teatro, pintura, cerâmica, jornalismo, poesia, ficção, crítica, comunicação na rádio e na televisão.
A sua formação universitária foi feita em Portugal, tendo frequentado as Faculdades de Direito e de Letras da Universidade de Lisboa. Mais tarde ingressou no Instituto de Arte e Arqueologia em Paris.
Revelou desde cedo a sua abertura a experiências de criação artística, tendo-se estreado aos 17 anos como poeta. A sua produção literária repartiu-se, no entanto, por diversos géneros. António Pedro fundou a revista Variante e foi colaborador de inúmeras revistas e jornais. Foi ainda crítico de arte e cronista da BBC em Londres, mas distinguiu-se sobretudo nos campos da pintura e do teatro.
António Pedro foi uma alma irrequieta em busca do Teatro – começou por ser director do Teatro Apolo (Lisboa) mas o seu envolvimento completo com a actividade teatral revelou-se no Teatro Experimental do Porto como director, além de dramaturgo e figurinista, tendo-se tornado, na acepção moderna do termo, o primeiro encenador português. Foi de facto com a sua inigualável contribuição para o teatro, apesar da sua descrença, devido à ingratidão e leviandade das superficiais modas culturais, que António Pedro se destacou.
António Pedro, para quem o tempo foi suficiente “porque a arte é uma forma de respiração e eu respiro 24 horas por dia, como toda a gente”, faleceu a 17 de Agosto de 1966, apenas com 57 anos de idade.
"Foi um engano - que tinha? Fosse o que fosse - que tem? Ergue os olhos e caminha Não queiras mal a ninguém, E no caminho, que tinha Se te enganasses? - ninguém Deve ter outro caminho Do que o caminho que tem.” Devagar (1929)

Guerras do Alecrim e Mangerona. (Porto, 8/12/1956. TEP)

Cenário Eduardo Luís: um biombo móvel, dando 11 mutações de cena à vista realizadas por dois bailarinos ao som duma melodia do séc. XVIII, tocada em ritmo de jazz.

Em cena: Dalila Rocha, Inês Palma, Fernanda Gonçalves, Cândida de Lima, Vasco de Lima Couto, João Guedes, Jaime Valverde, Baptista Fernandes e José Pina.

Da nossa correspondente do Hades, 7.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Linguagem (nada) cifrada


Para descodificação da mensagem anterior, a Bruxa aconselha a visita à mensagem "A Bruxa está de volta..."

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Tristezas infernais...

BUUUÁÁÁááááá!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! A Bruxa está triste! A Bruxa está verdadeiramente deprimida, infeliz, a sentir-se desgraçada... Muito mesmo! E a webmaster da Bruxa tembém está um bocado transtornada com isto tudo. Ora não querem lá ver?
A Bruxa, senhora deste espaço, 'amais' uma webmaster credenciada, criaram este blog para vocências, cheias de cuidados e atenções e... a malta desatou logo a protestar: porque as letrinhas eram uma chatice, porque a verificação dava trabalho e patati e patatá, blá, blá, blá...
Vai daí, a webmaster, cheia de cuidados com os aprendizes, foi ao Painel e tirou a verificação, não fossem os supra-citados aprendizes ficarem com calos nas pontas dos dedos e artrites nos punhos por causa daquela meia dúzia de letrinhas minúsculas.
E ninguém disse nada! Ninguém foi capaz de dizer "isto agora está melhor!" "Dá menos trabalho!" A Bruxa está triste... tão triste que as lágrimas torrenciais vão ajudar a encher a Ribeira das Vinhas e fazer a maré subir na baía de Cascais. Snif, snif, snif...
NOTA CULTURAL: A escultura é do americano Tom Otteness, um escultor cheio de ideias divertidas!

Almas do outro mundo

As «almas do outro mundo», também ditos vulgarmente «fantasmas» ou «almas penadas», constituem uma das superstições mais antigas dos seres humanos. As mulheres mortas durante o parto são algumas dessas «almas» que 'aparecem' frequentemente, quase sempre para roubarem as crianças das outras, suspendendo-as pelo pescoço e deixando-lhes marcas negras. Em zonas da Itália, para evitar os males que elas possam causar, deixa-se um balde de água à porta - os fantasmas causariam grandes desgraças se não tivessem água para beber. Fazem parte do folclore das casas assombradas e das histórias fantásticas e de terror. Na China, estes espíritos dos mortos são demónios que só se temem se não pertencerem aos defuntos da família. Os outros provocam infortúnios se não se lhes dá comida, são «demónios esfomeados». Entre os países anglo-saxónicos é conhecido o fenómeno do poltergeist, um fantasma que ataca e causa enormes prejuízos. Contra estas aparições diz-se que só um ramo de milefólio e urtigas colhidos durante o mês de Agosto os pode afastar. Estas crenças começam a desaparecer, desde que a Igreja deixou de as apoiar em textos santos de outrora - as grandes lajes de pedra com que se tapavam os mortos nas igrejas tinham também como propósito evitar a saída das almas dos túmulos. Diz-se que toda a pessoa que não morre de morte natural e que não é enterrada em campo santo, andará a penar até encontrar uma pessoa que lhe satisfaça o que no mundo não pôde cumprir.
Orlando Neves, Dicionário de Superstições, 2005

Jardim em Jakarta

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Parabéns a você... (Não é teatro mas não faz mal!)

Já repararam no logo da Google? Pois é! Hoje faz 50 anos um dos brinquedos mais populares de todos os tempos: o Lego. Quem não brincou com as pecinhas coloridas tantas e tantas vezes? Assente no princípio da escrita - um número finito de elementos num número infinito de combinações – as peças da Lego permitiram às crianças (e aos adultos!) de todo o mundo a construção de tudo o que lhes veio à cabeça.
Desde carros pequeninos até grandes construções, de objectos utilitários a obras de arte com direito a galeria e até uma cidade, as cores brilhantes do Lego fizeram as delícias de miúdos e graúdos.


As pecinhas até permitem reproduzir as obras de arquitectura mais emblemáticas do planeta. Ora vejam... A história do Lego começou em 1932, na Dinamarca. Quando Ole Kirk Christansen fundou uma pequena fábrica de brinquedos de madeira, numa cidadezinha no Sul do país: Billund. Para arranjar um nome, lançou um concurso entre os empregados mas foi ele que acabou por ter a ideia. Juntou LEg e GOdt (‘Brincar bem’ em dinamarquês) e ficou com o nome que todos conhecemos.
15 anos mais tarde, Christiansen descobriu que o plástico era ideal para o fabrico de brinquedos e comprou a primeira máquina. Foi fazendo experiências e, em 1949 teve a ideia da peça de Lego, que foi desenvolvendo até que lançou o jogo em 1958. Às peças iniciais, mais neutras em forma e com apenas duas ou três cores (a bruxa lembra-se de quando as peças pretas eram poucas e as azuis uma autêntica raridade), vieram juntar-se muitas outras formas e cores. Mais tarde apareceram as peças tamanho gigante para crianças mais pequenas.
Das caixas de pedras-base aos kits para construir modelos específicos, tudo continua a divertir gente um pouco por todo o mundo.
Em última análise e em caso de desespero, as peças eram ideais para bombardear inimigos em guerras de jardim e quartos de brinquedos...
Qual de vocês não construiu uma coisa qualquer com Lego? ‘bora lá cantar os parabéns com toda a força! Deixo-vos em boa companhia...

domingo, 27 de janeiro de 2008

Não são teatros, são vergonhas...?

No ano de 1865, na Rua da Palma, na parte baixa da Mouraria, é inaugurado o Teatro do Príncipe Real, nome escolhido em homenagem ao futuro rei D. Carlos (reinou entre 1898 e 1908. Evocam-se este anos os 100 anos do regicídio. Mas a isso voltaremos mais tarde...).
Dois pobres e uma porta, em 3 actos e, Muito padece quem ama são as comédias apresentadas na inauguração. Em 1906, Palmira Torres é a actriz principal da peça A Severa, de Júlio Dantas. O regime republicano altera-lhe o nome para Teatro Apolo. Agulha em Palheiro, primeira revista original após a instauração da República, é aqui representada logo em 1911. Este teatro atrai um público popular e recebe companhias de repertório «sério». Apesar dos inúmeros sucessos, o teatro foi demolido em 1957.
Outro teatro de Lisboa, que desapareceu mais tarde, em 1967, foi o teatro Avenida, inaugurado em 1888. Construído na zona inferior da Avenida da Liberdade, ocupava uma parte do antigo Passeio Público e era frequentado por gente abastada (vão ao dicionário!), interessada em comédias e outras representações ligeiras.

Foi um dos primeiros edifícios da Avenida da Liberdade. Inaugurou com a comédia De Herodes para Pilatos, conhecendo grandes êxitos nos primeiros anos de existência. Em 1964, Vasco Morgado, empresário do Avenida, “empresta” o teatro à companhia Rey Colaço/Robles Monteiro (também voltaremos a eles), recém desalojada do Teatro Nacional D. Maria II. Em 1967, o Avenida é completamente destruído por um incêndio.

NOTA: Lembram-se do que deles disse António Pedro? Cá estão então as imagens...

sábado, 26 de janeiro de 2008

Bode (expiatório)

Na iconografia demoníaca, o diabo é representado com cabeça de bode, ornado de cornos, os pés bifurcados, corpo peludo, cauda ou asas de morcego e vestido de vermelho. Daí que, em muitas regiões, se considere o bode um animal maldito. Na mitologia grega era associado aos sátiros e aos faunos que também tinham pés bifurcados. Além da representação diabólica, os cristãos primitivos viam o bode como símbolo da luxúria e da deprevação. Um diabo com aspecto de bode presidia ao sabat das bruxas. Na religião hebraica, no dia da expiação, sacrificava-se um bode sobre o qual o sacrifidor punha as mãos transmitindo-lhe todos os pecados de Israel. Depois, o animal era levado para o deserto para aí morrer, liberatndo os judeus. Daía a expressão "bode expiatório", que designa uma pessoa que se considera responsável por todos os males e sobre a qual, com ou sem motivo, recaem todas as culpas. Também no Levítico, do Antigo Testamento, se narra a história de Aarão, irmão de Moisés, que sacrifica dois bodes, um a Jeová, outro ao demónio Azazel.

Orlando Neves, Dicionário das Superstições, 2005

Ginástica mental

OK, a pedido de vários (talvez) leitores deste espaço de convívio esbraseado, a Bruxa vem propor-vos um exercício de ginástica. Ao contrário do que aconteceu no ano passado, não é tão fácil assim encontrar fotografias do Inferno. Por isso, pelo menos neste braço do Rio Letes, a temática será variada. No entanto e para começar, deixo-vos com uma visão de horror de 1893. O autor foi Edvard Munch (12.12.1863- 21.1.1863) que nasceu na aldeia de Âdalsbruk, na Noruega.
Este quadro faz parte de uma série intitulada O Friso da Vida em que Munch explora os temas da vida, amor, medo, morte e melancolia. Como aconteceu com muitas das suas obras, Munch pintou várias versões. Conhecem-se quatro: o Museu Nacional da Noruega tinha dois, o Museu Munch um e o milionário norueguês Peter Olsen o quarto. Munch criou ainda uma litografia.


Munch é um êxito comercial junto dos ladrões de arte: em 1994 roubaram o quadro que estava no Museu Nacional da Noruega e em 2004 os amigos do alheio foram direitinhos ao museu Munch e roubaram este e outro quadro: Madonna. Estes dois foram recuperados em 2006 e estão agora a ser restaurados, uma vez que apresentavam alguns danos.

Em 2006, o Google celebrou assim o seu aniversário:

26 de Janeiro

… de 1800

Nasce em Lisboa António Feliciano de Castilho, depois Visconde de Castilho. Castilho era cego, mas isso não o impediu de deixar obra vasta e variada, tendo-se envolvido em polémicas várias com os autores do seu tempo. Foi autor de um método para aprender a ler e de uma obra de divertido título: Tratado de versificação portuguesa para em pouco tempo e até sem mestre se aprender a fazer versos de todas as medidas e composições (1851). Oram digam-me lá se não seria utilíssima! Mas vamo-nos concentrar no teatro. Foi membro do Conservatório Real e escreveu, entre outros: Camões, drama em verso, sobre outro francês [vulgo, tradução/adaptação]; O Tejo e Liberdade, elogios dramáticos; Adriana Lecouvreur, ópera em 4 actos, traduzida do italiano; O Avarento, O Médico à Força, O Doente de Cisma, As Sabichonas e O Tartufo, tradução de Molière. Também pegou em Shakespeare, de quem trabalhou Midsummer Night’s Dream a que chamou Sonho de uma noite de S. João. O próprio Castilho fala desta tradução/versão explicando por que razão usou a referência a S. João no título da peça em vez de, como o tradutor francês anterior a ele, usar a palavra “Estio” (vão ver ao dicionário!).

Castilho afirmou ainda estar a preparar um Rei Lear, que acabou por nunca ver a luz do dia.
Há que acrescentar que, na altura em que este autor escreveu, os critérios de tradução não eram os que agora nos orientam: os tradutores (?) tinham por hábito, mais do que traduzir, adaptar o texto de acordo com o gosto do tempo e do país para o qual trabalhavam. A noção de fidelidade – discutível, eu sei! – que hoje nos norteia, não existia e faziam todas as alterações que achassem necessárias, afastando-se, por vezes, para muito longe do texto original. Foi o caso do Visconde de Castilho.
A peça de Shakespeare está publicada naquela colecção de que o meu colega das artes dramatúrgicas tem tão boa memória: a Lello (lembram-se da livraria?), dos inefáveis Domingos Ramos e Henrique Braga. Vão ler, que é divertido!

NOTA: António José Saraiva, ao contrário de Sousa Bastos que foi a fonte utilizada pela Bruxa, afirma que Castilho nasceu no dia 21 de Janeiro. Não faz mal: fica hoje a evocação.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

25 de Janeiro

... de 2008

O dia operático vai animado! Mas esta diz-vos respeito mais de perto. Hoje, estreia no Centro Cultural de Belém, Operação: Orfeu, uma ópera visual que reconta o mito de Orfeu e Eurídice. Têm aqui mais informações.

25 de Janeiro

... de 2008 (este é uma homenagem ao Imperador...)

A ópera Das Märchen, do compositor Emmanuel Nunes, que estreia no dia 25 no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, será transmitida em directo para 14 cine-teatros portugueses com uma perspectiva de 11 mil espectadores.

Na conferência de imprensa de apresentação desta primeira ópera de Emmanuel Nunes, a ministra da Cultura afirmou que a transmissão de Das Märchen insere-se na "missão de serviço público" do São Carlos de "descentralizar a cultura e formar novos públicos".
"É um grande esforço de abertura da ópera contemporânea à comunidade", disse Isabel Pires de Lima, que considerou esta estreia uma "data histórica para a ópera em Portugal".

Das Märchen, uma ópera contemporânea composta por Emmanuel Nunes a partir de um texto de Goethe, será interpretada em alemão e transmitida em ecrãs gigantes, com legendas, em teatros municipais no continente e ilhas.
"É a primeira vez que há esta abertura à sociedade civil e pela primeira vez outros públicos de todo o país vão ter acesso à ópera", sublinhou Pedro Moreira, o director da Opart, a empresa que tutela o São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado.
Esta ópera, que é considerada o ponto alto da presente temporada lírica deste teatro nacional, foi uma encomenda do São Carlos, Casa da Música e Fundação Calouste Gulbenkian ao compositor português e tem um orçamento de cerca de um milhão de euros.
Além dos 14 intérpretes principais, entre os cantores Silja Schindler, Chelsey Schill e Luís Rodrigues e os actores Tilo Wagner e Anna Katharina Rusche, Das Märchen contará com a participação do Remix Ensemble, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Coro Teatro Nacional de São Carlos e um corpo de dez bailarinos.
Com uma produção marcadamente europeia, a encenação está a cargo de Karoline Gruber, a coreografia é de Roy Spahn e a cenografia de Mechthild Seipel.
O director artístico do Teatro Nacional de São Carlos, Christoph Dammann, classificou Das Märchen como uma "obra-prima" e um exemplo do que é o futuro da ópera europeia.
"Em vinte anos fiz muitas produções contemporâneas, mas esta ópera não se pode comparar. É uma experiência única poder partilhá-la com uma audiência em todo o país", disse Christoph Dammann.
Apesar de ser uma ópera complexa, contemporânea e interpretada em alemão, o secretário de Estado da Cultura alertou que "é preciso ultrapassar preconceitos de que só há elites em Lisboa ou no Porto e que só o público do São Carlos está preparado para uma ópera difícil".
"É o público que não tem cânones dentro da cabeça que está mais aberto à novidade", disse Mário Vieira de Carvalho.

Das Märchen terá três récitas (25, 27 e 29 de Janeiro), mas apenas a estreia será transmitida em Ponte de Lima, Porto, Vila Flor, Aveiro, Coimbra, Castelo Branco, Leiria, Torres Novas, Portalegre, Estremoz, Beja, Faro, Açores e Madeira.
Os teatros municipais e espaços culturais que transmitirem a ópera terão autonomia para decidir se será de entrada gratuita ou paga.
Das Märchen (O Conto), que está a ser ensaiada há várias semanas, tem como cenário um rio em cujas margens vivem personagens distintas, como a Bela Lília, o Homem com a Lâmpada, o Gigante, quatro reis, dois fogos-fátuos, um Príncipe e uma Serpente Verde que se transforma em ponte para ligar as duas margens.
Segundo a sinopse, todas as personagens estão enfeitiçadas, vão metamorfoseando-se ao longo da ópera até chegarem "a uma existência livre e plena".

Justiça poética...

Começa a declaração e argumento da obra. Primeiramente, no presente auto, se fegura que, no ponto que acabamos de espirar, chegamos supitamente a um rio, o qual per força havemos de passar em um de dous batéis que naquele porto estão, scilicet, um deles passa pera o paraíso e o outro pera o inferno: os quais batéis tem cada um seu arrais na proa: o do paraíso um anjo, e o do inferno um arrais infernal e um companheiro.


O primeiro intrelocutor é um Fidalgo que chega com um Paje, que lhe leva um rabo mui comprido e üa cadeira de espaldas. E começa o Arrais do Inferno ante que o Fidalgo venha.

DIABO
À barca, à barca, houlá!
que temos gentil maré!
- Ora venha o carro a ré!
COMPANHEIRO
Feito, feito!
Bem está!
Vai tu muitieramá,
e atesa aquele palanco
e despeja aquele banco,
pera a gente que virá.

À barca, à barca, hu-u!
Asinha, que se quer ir!
Oh, que tempo de partir,
louvores a Berzebu!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

No Maria Matos



A Bruxa dispõe-se a dar a conhecer aos aprendizes da escola ali para os lados da Amoreira algumas das coisas que outros demónios andam por aí a fazer. (É claro que agradece toda a colaboração na recolha de notícias/informações!) Cumprindo esta linha editorial (Eheheheheh), aqui fica a primeira estreia. E, para começar, nada melhor do que o incorrigível optimista, criado por Voltaire. Quando mesmo face a uma Lisboa destruída pelo terramoto de 1755 onde acabara de chegar, Candide (o protagonista) continua a afirmar que tudo está bem no melhor dos mundos, que poderemos nós dizer?

Começa hoje... no Teatro Maria Matos. Um destes dias, a Bruxa vai procurar nos seus catarpácios e diz-vos quem foi a senhora que dá o nome ao teatro.

(Vão ver a página que, além de ser muito gira, tem um anúncio que talvez interesse a alguns de vocês)

Casa de luxo para os livros... no Porto!


No dia 11 de Janeiro, em artigo do jornalista Sean Dodson, do jornal The Guardian considera a portuense e centenária livraria Lello, situada na Rua das Carmelitas, a terceira mais bela do mundo. “Divinal” foi o termo empregue pelos escribas britânicos para caracterizar este ex libris da invicta, fundado em 1906 num edifício de estilo neogótico da autoria de Xavier Esteves. Autêntica catedral dos livros, de cultura, mantém intacta a atmosfera de outros tempos, com as suas imensas estantes de madeira e a emblemática escadaria.






Ora aqui ficam as palavras do jornal:
Livraria Lello in Porto - Proving that purpose-built bookshops can be every bit as beautiful as converted buildings, the divine Livraria Lello in Porto has been selling books in the most salubrious of settings since 1881. Featuring a staircase to heaven and beautifully intricate wooden panels and columns (see for yourself with these gorgeous 360-degree views), stained glass ceilings and books - lots of lovely books.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

24 de Janeiro...

... de 1836, estreia-se em Lisboa, no Teatro do Salitre, a obra Napoleão Bonaparte no Egypto. Esteve em cena até 11 de Novembro do mesmo ano. Reinava D. Maria II que, no dia 1 de Janeiro desse mesmo ano, casara por procuração com um príncipe alemão - o futuro rei D. Fernando II, responsável, entre outras coisas, pelas obras no Palácio da Pena e construção do Parque da dita Pena.O Teatro do Salitre tem desde sempre sido referido como um parente pobre da arte dramática. Edificado em 1782, possuía "lotação para 900 espectadores, distribuídos por 21 frisas, 27 camarotes de 1ª ordem, 22 de 2ª, 207 lugares de plateia, 147 de superior, 120 de geral e 60 nas varandas." Também conhecido como Teatro das Variedades, funcionava com regularidade. Durante parte do século XIX, apresentou grande variedade de espectáculos: ópera, tragédia, drama, comédia, farsa, mágica, vaudeville, variedades, bailado, música, ginástica, equilibrismo, malabarismo, ventriloquia, prestidigitação, fantoches e até feras amestradas.
A revista Ocidente de 15 de Setembro de 1879 diz que ao Teatro do Salitre havia ligada uma praça de arlequins que "proporcionou horas de gozo inefável à flor da geração que hoje aí morre de tédio, saudosa daquelas lutas entre cristãos e mouros, que depois de uma dança pírica acabavam sempre à pancada uns aos outros, morrendo como era de justiça todos os mouros, para sossego da consciência do empresário [do Teatro] e maior glória da religião do reino".

Ora digam lá à Bruxa onde é que hoje haverá um espectáculo que mereça crítica tão favorável? Era [também] assim, o teatro em Portugal...



VASCONCELOS, Ana Isabel, O Teatro em Lisboa no Tempo de Almeida Garrett, Lisboa, MNT, 2003. P. 29

Um novo conceito...


Tornar a Vida Mais Fácil!

Andava a Bruxa muito descansada nas suas voltas na Net, quando deu de caras com o conceito de USABILIDADE. Sabem o que é? Pois a Bruxa também não sabia. Pôs-se à procura e aqui vão os resultados de tão profunda pesquisa:

O Dia Mundial da Usabilidade foi fundado para promover a facilidade de acesso e a simplicidade de utilização de serviços e produtos importantes para a vida.
Em 2007 o tema foi Cuidados de Saúde. Quer se trate de aparelhos ou tecnologias ligadas ao diagnóstico, prevenção e tratamento médico, de investigação, aprovação ou distribuição de produtos farmacêuticos, de processos de doentes e sua consulta, de planeamento de emergência em caso de catástrofe, de aumento da funcionalidade dos hospitais ou cuidados de saúde diários, toda a gente é afectada pela USABILIDADE nos cuidados de saúde. O primeiro Dia Mundial da Usabilidade comemorou-se em 2005.
NOTA: A USABILIDADE é uma característica de um produto (página de Internet, programa, objecto, etc) que se adapta convenientemente ao objectivo para o qual foi concebido, o que significa simplicidade e facilidade na utilização, assim como flexibilidade e isenção de erros e problemas. Vocês conhecem uma aplicação deste conceito, vulgarmente traduzida nos vossos PCs como "User friendly" ou "amigo do utilizador". Já leram expressão, com toda a certeza!
Espermos que este espaço se revele "amigo do utilizador"... Apesar de alguns protestos que já por aí andam!

23 de Janeiro

... de 1799 - Canta-se no Teatro de S. Carlos a primeira ópera do grande compositor português Marcos Portugal, intitulada: La Donna di genio volubile.

Do mesmo autor, no mesmo teatro e no mesmo ano, cantam-se ainda as óperas Rinaldo di Aste e Il Barone Spazzacamino.
Marcos Portugal nasceu em Lisboa no dia 24 de Março de 1762 e morreu no Rio de Janeiro em 7 de Fevereiro de 1830. Foi um compositor de imenso sucesso quer em Portugal, quer um pouco por toda a Europa. Viu obras suas serem representadas em Parma, Veneza, Roma, Milão e Bolonha, entre outras cidades. Regressou a Portugal, de onde saíra em 1791, em 1799. Acompanhou a corte que fugiu dos exércitos de Napoleão e foi para o Rio de Janeiro. Ali trabalhou ainda mas teve três ataques de paralisia e acabou por morrer.
Foi autor de centenas de obras pequenas como árias, duetos, obras sacras e escreveu quarenta óperas, muitas delas de boa reputação europeia.

Fogueira do Dia

Dá-se agora início a uma secção com o título supra-citado, que tem por objectivo dar a conhecer factos e histórias do teatro português. Aqui encontrarão referências a autores, actores, espectáculos e aspectos vários da vida teatral portuguesa. A base da informação será - em grande parte dos casos - a obra de Sousa Bastos. Mas a outras fontes se recorrerá.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Para escreverem sem erros...

Cheia de confiança nas vossas capacidades linguísticas, a Bruxa vem - tal como prometido - dar-vos a lista dos prontuários existentes no mercado português. Como foi explicado, a função de uma obra deste género é ajudar-vos a escrever sem erros. E nisso a Bruxa é a-bso-lu-ta-men-te implacável. Venham-me com erros e eu conto-lhes uma aventura. Aos quadradinhos...
Cá vão então os primeiros:


BERGSTRÖM, Magnus e REIS, Neves, Prontuário Ortográfico e Guia da da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Notícias, [datas várias, tem sido reeditado sucessivamente]
PINTO, José Manuel de Castro, Novo Prontuário Ortográfico, Lisboa, Plátano Editora, 2005. 6ª edição revista.

A Bruxa está de volta!


Agora num ambiente mais de acordo com a sua verdadeira natureza, a Bruxa regressa à blogosfera para vos acompanhar rio Letes abaixo, na caminhada infernal para o Último Julgamento, lá para os idos de Julho.


Fiquem atentos que as novidades vão começar a aparecer!