segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Na Torre

Retirado na paz destes desertos,
com poucos, porém doutos, livros juntos,

vivo em conversação com os defuntos,
com os olhos escuto a voz dos mortos.

Se nem sempre entendidos, sempre abertos,
emendam ou fecundam meus assuntos;
em musicais silentes contrapontos
ao sonho de viver falam despertos.


Francisco de Quevedo (1580-1645)



Quando o duque de Ossuna caiu em desgraça, Francisco de Quevedo, seu protegido, foi exilado para Torre de Juan Abad, cujo senhorio a mãe lhe tinha comprado. No entanto, os habitantes, teoricamente seus vassalos, não gostaram da ideia e Quevedo teve de ir para tribunal fazer valer os seus direitos. A sentença a seu favor só surgiu já depois da sua morte. (até parece Portugal do séc. XXI…!)
Foi durante este exílio que Quevedo escreveu alguns dos seus melhores poemas, em que se inclui este, que David Mourão-Ferreira, outro nome grande da poesia (desta feita portuguesa) traduziu.

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