quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Assassínio no teatro

O insólito teatro de Salvaterra, anexo ao Paço onde a corte de D. José se demorava a partir do Carnaval, é inaugurado em 1762 e demolido exactamente um século depois, em 1862 ou 63. Lá apareceu morto, em condições misteriosas, o Marquês de Loulé, plausivelmente assassinado na noite de 27 para 28 de Fevereiro de 1824.
Mas o teatro estava já semidesactivado há muito e o próprio Palácio danificado por incêndios e incúrias.
É um dos grandes mistérios da Casa real Portuguesa e ocorreu, exactamente, no então já velho Teatro de Salvaterra.
O Marquês de Loulé, liberal assumido, desempenhava funções junto de D. João VI. Retomando um hábito antigo, a Corte deslocou-se para Salvaterra no Carnaval de 1834. Vivia-se o período agitado que se seguiu à Abrilada. De uma forma ou de outra, organizou-se no teatro uma representação a cargo, entre mais, do próprio Marquês. Este retira-se cerca das 11 horas da noite de 27, dirigindo-se para o seu quarto no palácio, nada menos do que ao lado do rei. A passagem entre o Teatro e o Paço era um corredor escuro: pois na manhã de 28, o cadáver do Marquês foi encontrado por baixo de uma janela do referido corredor. Procedeu-se a uma devassa (vão ao dicionário!), como então se dizia, a cargo do Juiz de Salvaterra, e o próprio Marquês de Abrantes, inimigo jurado de Loulé, chega a estar preso.

Mas nada se provou até hoje...


Esta história foi contada por Ivo Cruz no livro Teatros de Portugal

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