“Pode mesmo admitir-se que Elvira Velez, tendo por infância as gentes da beira-rio e os palácios locais, onde brilhava a alta nobreza, procurando a proximidade com os altos dignitários da monarquia, caldeou a sua vincada personalidade, permitindo-lhe ser igualmente, com a mais perfeita convicção, a popular lavadeira de Aldeia da Roupa Branca, ou a espantosa Titi da Relíquia, com que encerrou no Teatro Maria Matos a sua notável afirmação de grande actriz.” *
Elvira Velez foi uma actriz de teatro, cinema e rádio. Começou por se apresentar em teatros amadores e o seu crescente gosto pela arte de representar, depressa causou grandes preocupações à família, que não achou graça nenhuma à ideia de ter uma “cómica” na família. O pai forçou-a a tirar o diploma de professora primária, na tentativa de a afastar dos palcos. Em vão…
A rapariga esperou até atingir a maioridade e, deitando com os preconceitos às urtigas, foi pedir trabalho ao Teatro Moderno, na avenida que tem hoje o nome de Almirante Reis. Foi aí a sua estreia, em 1913, com 21 anos na revista Os Grotescos.
Em todo o seu percurso como actriz passou por muitíssimas companhias, como a Companhia Berta de Bivar, Teatro Variedades, Companhia Teatral Portuguesa, Maria Matos, Mirita-Vasco entre outras.
Elvira Velez experimentou com sucesso todos os géneros, do drama à comédia, da tragédia à opereta, revista ou farsa. No entanto, o género em que é mais recordada é a comédia, muito graças ao cinema, que nos trouxe algumas das suas interpretações.
Participou em filmes como o conhecido Aldeia da Roupa Branca (1938), Agora é Que São Elas (1954), As Pupilas do Senhor Reitor (1960) ou Encontro com a Vida (1960).
Foi também em 1970 que Elvira Velez ganhou o prémio Lucília Simões pelo seu papel no espectáculo Relíquia e é também condecorada com a Ordem de Santiago de Espada, recebendo ainda prémios da Caritas e da Cruz Vermelha.
Elvira Velez foi mãe da actriz Irene Velez, casada também com um homem da rádio e da política, Igrejas Caeiro, já mencionado.
Elvira Velez morreu em 1981 no Alto do Lagoal, em Caxias, com 89 anos de idade. Quem a conheceu recorda que era muito boa pessoa e Vasco Santana chamava-lhe “aquela santa” no memorável programa de rádio A Lelé e o Zéquinha em que, no papel antes criado por Maria Matos, fazia de sogra daquele actor.
*A Bruxa não viu a peça mas, lembrando-se perfeitamente de Elvira Velez, pensa que Eça de Queirós teria ficado felicíssimo por alguém ter tido a brilhante ideia de confiar a sua Titi a esta actriz.
Da nossa correspondente Marta das maçãs.
2 comentários:
Duarte disse...
vi-a no filme A Aldeia da Roupa Branca e num outro filme que se chama O Comissário da Polícia onde tambem tem um papel de viúva muito engraçado
7 de Junho de 2008 0:16
Boa, Duarte! Ainda bem que se lembra desta actriz. Era, de fscto, muito engraçada...
8 de Junho de 2008 12:50
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