terça-feira, 15 de abril de 2008

Vamos para o Algarve!

Pois... lamento mas não é de férias, sol, Verão e praia que se fala agora. Não, estamos mesmo a falar de teatro. E desta vez vamos até ao teatro Lethes, que é, nas palavras da revista Evasões, em Março de 2007:
"...O Teatro Lethes, na antiga Horta da Mouraria, onde funcionou o Colégio dos Jesuítas, é um São Carlos em miniatura. Dotado de excelentes condições acústicas, pelo seu palco têm passado famosos artistas, que exprimem admiração pelo ambiente que aqui se vive..."


Ora vamos então à história:

A 8 de Fevereiro de 1599, em Madrid, El Rei D. Filippe, produz uma carta a conceder ao Bispo do Algarve D. Fernando Martins Mascarenhas, a construção de um colégio de Jesuítas, o Colégio de Santiago Maior, em Faro «para ali ensinarem as letras, cuja licença lhes foi concedida por Carta d´El Rei D. Filippe datada em Madrid a 8 de Fevereiro de 1599,...».
Este colégio, que prosperou, veio a ser encerrado em 1759, quando a Companhia de Jesus foi banida do território português e ultramarino. O encerramento deu-se quando da ocupação pelas tropas Napoleónicas do solo português, sob comando do General Junot (comandante do maior exército francês que invadiu Portugal). Neste período, dá-se ainda a espectacular retirada e apressada fuga da corte portuguesa para o Brasil. Assim entregues à nossa própria sorte, não tínhamos forma de fazer frente à invasão, tarefa que foi entregue aos ingleses. Mais tarde, em 1843, com o típico espírito de mecenato italiano, é Dr. Lazaro Doglioni, médico italiano e profundo amante das artes, que vem adquirir o colégio em hasta pública, com o objectivo de o reconstruir e transformar à semelhança do S. Carlos de Lisboa.
As obras prolongaram-se até ao ano de 1845, e o que era então uma igreja transformou-se numa sala de espectáculos com apenas uma plateia e duas galerias de camarotes. O altar-mor veio a ser os camarins e o coro junto à frontaria era então o palco.
No âmbito das comemorações do aniversário da rainha D. Maria II, o teatro é inaugurado em 4 de Abril de 1845.
O teatro voltou a sofrer novas alterações na década de 1860, aumentando-se a sua capacidade para 621 lugares, contendo quatro galerias de camarotes divididas em 51 compartimentos com 6 lugares cada, e uma varanda com capacidade para 100 pessoas. Porém esta alteração foi feita por outro mecenas e amante da arte, o Dr. Justino Cúmano, notável clínico, que herdara os bens do tio, Lazaro Doglioni, após a morte deste. Foi com este novo mecenas que o teatro conquistou o seu tempo áureo.
Em 1906, regressam de novo as obras de restauro, desta vez por parte de João Coelho Pereira Matos e do pintor José Filipe Porfírio. As obras que terminaram a 21 de Abril de 1908 deixaram a sala com uma acústica extraordinária, assentos muito confortáveis, varadins de ferro forjado e uma decoração representando cenas de música. Apesar disto, a partir de 1920, dá-se o declínio dos espectáculos e assim o teatro encerra em 1925.
Após a família Cúmano ter vendido o edifico à Cruz Vermelha – actuais donos do edifício – este transformou-se no Conservatório Regional do Algarve e passou a abrigar os serviços regionais do Ministério da Cultura.
Actualmente ocorrem ali alguns espectáculos, especialmente de música e de companhias como a ACTA (A Companhia Teatral do Algarve) e companhias independentes.
Do nosso correspondente algarvio Marcos.

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