Com o terramoto de Lisboa em 1755, grande parte de Lisboa desabou e nem os Palácios resistiram.
Logo no ano seguinte, pensou-se edificar um teatro numa parte do terreno pertencente aos Condes.
O arquitecto italiano Petronio Manzoni encarregou-se do projecto, e foi ali surgindo o chamado Teatro da Rua dos Condes, que começou a funcionar em 1765. Juntamente com o Teatro do Salitre cumpriam a função, se bem que não ostentassem o título, o que só viria a acontecer bastante mais tarde, de Teatro Nacional, uma vez que não existia nenhum digno desse nome.
Um episódio ficou nos anais da pequena história dos escândalos lisboetas - o protagonizado pela célebre cantora italiana Zamperini, que aliando uma bela voz à sua bonita figura, era também muito comunicativa e amiga de convívios: alguns elegantes da época perderam-se de amores pela «diva da Rua dos Condes».
O Marquês de Pombal ia fechando os olhos à animação dos "convívios", até saber que um dos mais entusiasmados seguidores daquele "rouxinol transalpino" era o seu próprio filho, que ia delapidando a fortuna da família com a cantora. Claro está que o Marquês de Pombal se viu forçado a expulsar do país esta cantora que tantos escândalos amorosos provocara.
Em 1782, era tal a importância do Teatro dos Condes, que passou a ter categoria de Teatro Nacional. A Administração era comum ao Teatro de São Carlos. A vida literária e teatral portuguesa passava forçosamente por ali.
Em 1835, o Teatro Condes serviu para actuação de uma companhia francesa, portadora de algum material revolucionário para a época, nomeadamente na iluminação e composta por mais de trinta actores.
Integrado na digressão vinha um actor francês de nome Émile Doux, que revolucionou de algum modo a cena portuguesa na arte de representar. A companhia esteve durante uma temporada, regressando depois ao seu pais. Ficou por cá Émile Doux e criou naquele espaço do teatro uma espécie de conservatório. Foi este francês o responsável pela primeira representação de Hamlet e Othello em Portugal. Em francês e na versão de Jean-François Ducis, bastante diferente do original. Mas não se pode ter tudo, não é?
Com ele se aperfeiçoaram na arte de representar alguns nomes que viriam a ser grandes figuras da ribalta portuguesa - e que hoje conhecemos dos dísticos de algumas ruas de Lisboa: a actriz Delfina, Emília das Neves, Tasso, João Anastácio Rosa etc..
Passaram pelo Condes ainda algumas das primeiras revistas escritas e musicadas em Portugal.
Sousa Bastos (que foi empresário, autor teatral, cronista de memórias e, além de tudo isso, marido da actriz Palmira Bastos, muito mais nova do que ele e cuja longa vida lhe permitiu ainda chegar aos tempos da Televisão em Portugal), tentou dar novo alento à casa dos Condes.
Mas ao ponto mais alto sucedeu a implacável decadência.
Assim, a 13 de Outubro de 1882, começou o teatro a ser demolido, sendo então considerado já como "Velho pardieiro, feio, incómodo e até perigoso", segundo rezam os apontamentos do empresário e autor Sousa Bastos.
Tratou-se, porém, de uma substituição. No mesmo local, apareceu um Teatro "Chalett", de vida efémera (1883-84, pouco mais de um ano).
Surgiu então o dinamismo de Francisco de Almeida Grandella, comerciante que foi o responsável pelos grandes armazéns que tiveram o seu nome, na Rua do Ouro e na Rua do Carmo.
Sob o risco do arquitecto Dias da Silva, apareceu o novo Teatro da Rua dos Condes inaugurado em 23 de Dezembro de 1888, com a peça As Duas Rainhas, numa tradução de Sousa Bastos, antecedido por um monólogo de abertura recitado pelo actor Taborda e escrito por Barbosa Machado.
Em 1898, o edifício voltou a ter obras de manutenção e algum restauro.
Depois da demolição de 1952 surgiu então o cinema Condes, que muitos de nós recordamos e que é hoje o... Hard Rock Café de Lisboa... Ai...
Da nossa correspondente Cátia....
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