terça-feira, 29 de abril de 2008

Recado Bruxal

A Bruxa recebeu vários comentários e mensagens a apontar erros/falhas e/ou inconsistências - aparentes ou não - em vários dos textos afixados. A Bruxa não só agradece grata e encarecidamente a quem descobre e lhe aponta falhas, como acha que é do maior interesse que os aprendizes desenvolvam o seu sentido crítico perante o que lhes é posto à frente dos olhos: é bom que aprendam a ter uma atitude própria e independente face a tudo o que lhes aparece. Parabéns!
Mas... mas... MAS... a Bruxa também pensa que os aprendizes têm muito boas maneiras de resolver essas dúvidas por si: acham que há um erro? Vão vocências à procura da solução! E enviem-na à Bruxa responsável por este espaço.

Mas MEXAM-SE!!!!!

A Bruxa teve o cuidado de vos deixar aqui algumas portas que podeis abrir para descobrir a verdade. Vá lá, toca a girar a maçaneta!

Para as nossas mestras da barra e da sapatilha

Hoje é dia Mundial da Dança, organizado pelo ITI/UNESCO desde o ano da graça de 1892. O Instituto escolheu o dia 29 de Abril para celebrar a dança por ter sido o dia do nascimento do que é considerado o criador do ballet moderno: Jean-Georges Noverre (1727-1810).

Tal como no Dia do Teatro, o ITI publica todos os anos uma mensagem para o Dia Mundial da Dança. A deste ano é de Gladys Faith Agulhas, coreógrafa e bailarina sul-africana, premiada pelo trabalho que tem desenvolvido ligando a dança, a educação e a integração social.

Então, aqui fica a mensagem deste ano:
O espírito da Dança NÃO tem cor, NÃO tem forma ou tamanho
Mas Abarca o Poder da Unidade, Força,
E a Beleza que existe dentro de nós.
Cada Alma Dançarina, Jovem, Velha, pessoa que vive com uma inCAPACIDADE
Cria e transforma as ideias nos movimentos da Arte que muda a vida
A Dança é o espelho que reflecte o impossível tornado possível.
Para que todos o toquem, escutem, sintam e experimentem.

Os sons vindos do nosso coração e da alma são o nosso ritmo,
Cada movimento revela a história do homem.
É o elemento em que o Espírito Humano pode abraçar a Liberdade suprema.

Sempre que as nossas mãos se tocam, algo de belo acontece,
O que a Alma recorda, o corpo revela pelo movimento.
A Dança é assim a força regeneradora, acessível a todos,
És os meus olhos, sou os teus pés.



Celebrem o DIA MUNDIAL DA DANÇA,
Usem a vossa Paixão pela Dança para se curarem uns aos outros,
Unam a vossa comunidade de dançarinos,
Mais importante, sejam o melhor que podem ser por Vós Próprios,
Somos capazes de nos manter unidos pelo Poder e Espírito da Dança.

Gladys Faith Agulhas

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Para aliviar a tensão...



Como andam (quase) todos muito cheios de trabalho, aqui fica um passatempo para aliviar a tensão...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Parabéns a você!



A Bruxa acabou de descobrir que hoje faria anos, se fosse viva, essa grande actriz que foi Ivone Silva.
Dado que a Bruxa não pode ficar mais tempo no castelo, vai ter de ficar para mais tarde um texto como deve ser. Mas, entretanto, aqui fica a referência e um excerto de um dos seus grandes sucessos. E mais outro...

Bruxal aviso



Tendo já falado com o Chefe-Mor, a Bruxa está em condições de informar que, a partir do momento em que os aprendizes façam o teste da próxima semana, o povo se atira ao Lúcifer da temporada.

Dentro em breve, a Bruxa publicará aqui uma série de hiperligações DE CONFIANÇA em que os aprendizes podem basear o princípio do seu trabalho.

A seu tempo, existirão também fotocópias, essa praga dos dias de hoje, e umas mensagens com as informações necessárias para a boa prossecução dos trabalhos. Mas, para já, atirem-se ao teste!


Bom trabalho para todos!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Eles estão de volta...!

Depois de uma curta mas bem sucedida carreira no espaço Karnart, os rapazes foram de férias e atacam agora no Teatro da Trindade.

No blog deles podem apreciar algumas fotografias do que foi o espectáculo: aguçam a curiosidade e preparam as mãos para as palmas.

Têm aqui a sinopse e a ficha técnica:

SINOPSE

Fortune and Men's Eyes (título retirado do Soneto XXIX de Shakespeare) é uma peça crua e amarga sobre a degradação e a brutalidade física e moral num reformatório masculino. O protagonista é SMITTY, que cumpre uma pena de seis meses por um delito menor. A peça foca a sua transformação de um ser humano essencialmente não criminoso e até um pouco naïf num prisioneiro empedernido, que acaba por se tornar ainda mais insensível e cínico do que os companheiros de cela. Os companheiros de cela são três: ROCKY, oportunista, manhoso e gabarolas; QUEENIE, agressivamente "bicha" quando lhe convém, que manobra o sistema iníquo do reformatório em seu proveito; e LEO ("Mona Lisa"), um rapaz meigo que aprendeu a separar corpo e consciência para ir sobrevivendo. A interacção destes personagens cria a dinâmica da peça, uma tensão sombria que resulta na corrupção final de Smitty.


Texto: John Herbert
Adaptação\Encenação: José Henrique Neto
Assistência de Encenação: Paulo Brito
Execução Cenográfica: Carlos Ramos

Interpretação: João Vicente, José Henrique Neto, José Redondo, Luís Lobão, Tomás Alves

Produção: Edipoética

Sala estúdio do Teatro da Trindade de 23 de Abril a 11 de Maio.
De 23-04-2008 a 11-05-2008

Quarta a sábado às 22h00

Domingo às 17h00
PREÇO 10€.
Segunda e Terça não há espectáculo. Domingo é matiné.

Não há desculpas de falta de transportes: saídos do comboio no Cais do Sodré, só têm de subir a Rua do Alecrim e enfiar para a Rua da Misericórdia. Nada que um aprendiz bem treinado nas aulas de corpo não faça na boa!
Ora façam lá o distintíssimo favor de ir ver o que os ex-cozinheiros & amigo andam a fazer!

A Bruxa chegou ao castelo...

... e encontrou esta notícia na caixa do correio.

Corrida Terry Fox angaria fundos para investigação


A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), a Embaixada do Canadá e a Roche promovem a 13ª edição da Corrida Terry Fox, a corrida de solidariedade mais antiga no nosso país, que lança este ano o mote “Não fique indiferente... Deixe a sua marca contra o cancro!”.

Acontece esta tarde a apresentação desta iniciativa anual, pelas 15 horas, na Embaixada do Canadá, na Avenida da Liberdade, Edifício Victória, 196, 2º e conta com a presença de diversas figuras públicas portuguesas que se aliam a esta causa.
Quem pretender juntar-se à iniciativa poderá deixar a sua marca num mural, que visa representar o apoio de quem não fica indiferente ao cancro, contribuindo assim para apoiar a investigação desta doença em Portugal.
A 13ª edição da Corrida Terry Fox decorrerá no próximo dia 17 de Maio, a partir das 9h30, junto ao pavilhão de Portugal no Parque das Nações, uma vez mais com o intuito de obter verbas para a descoberta da cura contra o cancro.




A Bruxa estará no Parque das Nações no dia 17. Alguém quer acompanhá-la?

Vamos ler mais!



Hoje é Dia Mundial do Livro, da Leitura e dos Direitos de Autor que é celebrado em mais de 100 países. A data foi instituída pela Conferência Geral da UNESCO para prestar tributo aos grandes autores da literatura mundial que nasceram ou morreram neste dia. É o caso de Cervantes (m. 1616), Shakespeare (n. 1564 - m. 1616), Inca Garcilaso de la Vega (m. 1616) e Vladimir Nabokov (1870)*. A celebração procura também encorajar as pessoas, especialmente os mais jovens, “a descobrir o prazer da leitura e a respeitar a obra insubstituível daqueles que contribuíram para o progresso social e cultural da Humanidade” (UNESCO). A ideia de celebrar este dia surgiu na Catalunha, onde é oferecida uma rosa a cada pessoa que compra um livro. Desde 1996, o dia 23 de Abril tem sido comemorado de diversas formas um pouco por todo o mundo. Todos os anos o Comité da UNESCO nomeia a Capital Mundial do Livro: este ano é Amsterdão que, durante um ano, será o ponto de referência dos amantes da leitura em todo o mundo.
Da página da RTP, a Bruxa retirou as informações que se seguem:

Durante a apresentação do programa, a directora de "Amsterdão, Capital Mundial do Livro", Lidy Klein Gunnewiek, afirmou em conferência de imprensa que a cidade dos canais "tem sido desde sempre uma cidade de liberdade de expressão", procurada por autores para publicarem os seus livros porque o não podem fazer no seu próprio país.
O título de "Capital Mundial do Livro", concedido com a duração de um ano pela UNESCO, "oferece a Amsterdão uma oportunidade única para consolidar a sua reputação como lugar de refúgio para a palavra livre", assinala a organização.
Segundo Gunnewiek, o lema do evento -"Um livro aberto, uma mente aberta" - traduzir-se-á, não apenas na atenção pelos livros, como também na importância da leitura e da escrita.
A organização escolheu o filósofo do século XVII Espinoza, Anne Frank e a escritora de livros para crianças Annie M.G. Schmidt como ícones do mundo das Letras para esta celebração.
Os três autores, especialmente ligados à cidade, defenderam, "à sua maneira", a liberdade de expressão, observou Gunnewiek.

Continuando a procurar, a Bruxa descobriu mais umas curiosidades. Ora aqui ficam elas:
Em Espanha, é entregue o prémio Cervantes ao poeta argentino Juan Gelman.
Em Lisboa inaugura-se no Palácio da Ajuda uma exposição sobre a vida e obra de José Saramago que afirmou ser "um presente que oferece à sua cidade". "Há que voltar a escrever bem", diz ele...
Mas um livro é um conjunto de ideias reunidas num objecto. Algum de vocês já parou para pensar como se faz esse objecto? Ora vão aqui e aprendam qualquer coisinha...

Uma nota solidária: se forem aqui e clicarem, estarão a oferecer um livro a uma criança desfavorecida.
A Bruxa promete para mais logo a publicação da mensagem do Director-Geral da UNESCO. Agora tem de ir fazer ginástica!
*Neste caso, as opiniões dividem-se: há quem afirme que ele nasceu a 22 de Abril. Mas já repararam que os outros morreram todos no mesmo dia do mesmo ano? Mas que avalancha!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Hoje é Dia da Terra...

Com T muito grande. Não se trata da terra onde nascemos, mas da Terra em que todos vivemos. Maltratada, abusada, violada, é um milagre que ainda não nos tenha posto a todos na rua, o que é o mesmo que dizer, a fluturar no espaço inter-sideral. A verdade é que, apesar de dar já grandes e assustadores sinais de doença gravíssima, a Terra, qual mãe de todos nós, ainda vai arranjando recursos para alimentar e sustentar filhos tão descuidados e ingratos.
Apesar de devermos pensar nisto todos os dias, a data de 22 de Abril apresenta-se como uma oportunidade para dedicarmos mais algum tempo a imaginar formas de nos portarmos com um pouco mais de decência perante o nosso planeta azul (que, qualquer dia, está cinzento!).
Aqui, um espaço de partilha de experiências, têm à disposição da vossa leitura alguns casos exemplificativos do podemos fazer pela nossa Terra. A página não morde, oh vós preguiçosos leitores!, promete a Bruxa. E vale a pena ir até lá...

Hoje, o canal da National Geographic numa emissão especial ao longo de 24 horas, vai passar uma série de documentários sobre os maus tratos que infligimos ao planeta e algumas das iniciativas que podemos tomar para tentar "remendar" alguns desses males.

Uma ou duas coisas que podem começar a fazer pela vossa Terra: cumprir a regra dos 3 R: reduzir, reciclar, reutilizar. Reduzir o lixo produzido (reencham a garrafa de água: é mais barato e não deitam a garrafa fora), separar os resíduos para reciclagem (ai, os ecopontos às cores, esses desconhecidos!) e reutilizar tudo o que for possível (que tal irem recarregar os tinteiros da vossa impressora?).

Um teste que talvez vos deixe admirados: sabem o que é a vossa pegada ecológica? Pois é, vocês têm uma. A vossa pegada ecológica é a vossa "marca" na Terra, o espaço de Terra necessário para produzir o que cada um de vocês consome, em termos de recursos. Têm aqui, em português, uma explicação muito cuidadosa do que é esta "coisa". E viva os agricultores da Confagri! E deixo-vos uma folha de cálculo da vossa pegada ecológica: vão lá fazer o teste e verão que têm uma surpresa!

Uma proposta para o próximo fim-de-semana: no Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações em Lisboa, está uma exposição de fotografia do fotógrafo Chris Jordan, intitulada Running the Numbers: an Americam self-portrait. O tema? O consumo excessivo nos EUA. Mas não se sintam virtuosos: em Portugal, salvas as devidas proporções, as imagens seriam muito semelhantes, e os responsáveis somos todos nós, são todos vocês...

Esta fotografia mostra 8 milhões de palitos dos dentes, o número de árvores abatidas todos os meses nos EUA para fazer o papel necessário a todos o catálogos de vendas pelo correio.

E agora, vejam lá se percebem o que é que ele fotografou nestas:

Aqui vão ter uma supresa:

Para saber o que está na base destas fotografias e descobrir o resto da série, vão aqui. Verão que se divertem e que vão ter algumas supresas.

Irresistível...


"Se um dia disserem que o seu trabalho não é de um profissional, lembre-se: a Arca de Noé foi construída por amadores; os profissionais construíram o Titanic..."
Eheheheheheheheh...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O Público - apontamento...

O público lisboeta, nas últimas décadas do século XIX, conhecia os seus teatros, e sabia perfeitamente aquilo que, cada um deles, tinha para lhe oferecer. Os géneros, assim como os públicos, estavam então bem definidos.
O Ginásio era a sede da farsa, e lá nasceram as primeiras revistas; a Trindade podia alternar teatro musicado com um ou outro drama; a Avenida e o Rua dos Condes, estavam mais voltados para a revista e a opereta, mas podiam apresentar, eventualmente, comédia; o Príncipe Real, morada do terrível melodrama, era o teatro popular por definição, albergando um público humilde, que raro frequentava os teatros finos. Havia ainda o D. Amélia, teatro chic, inaugurado em 1894, destinado, quase em exclusivo, à apresentação de companhias estrangeiras.
O Teatro de D. Maria lI, o Normal, teatro estatal e burocrático, sério e circunspecto, albergava a alta-comédia e o drama. Desde a sua inauguração, em 1846, nunca tinha conquistado um público muito numeroso.
Embora a assistência se distribuísse, segundo a sua posição social, quer nos camarotes, quer na plateia, quer nos balcões ou galinheiro, era um teatro para a burguesia triunfante, para gente bem arranjada, um teatro que a família real frequentava.
O período em que por lá estacionou a Companhia Rosas & Brasão foi, sem dúvida, um dos mais favoráveis e que mais público atraiu. Não só os teatreiros lisboetas não perdiam uma récita, como os forasteiros da província, que demandavam Lisboa, consideravam de rigor não voltar às suas terras sem ter ido ao D. Maria ver as grandes estrelas da cena, conhecidas por esse país fora, através de jornais, ou pelos postais, ou tão só por se falar muito deles, e que brilhavam na Companhia Rosas & Brasão.
Ainda assim, as casas nem sempre estavam cheias, e apenas havia espectáculo quatro vezes por semana, pois para mais não dava o público.
As tournées, especialmente ao Brasil, eram então a grande mina...
Este texto foi publicado no catáliogo da exposição de abertura do Museu Nacional do Teatro, A Companhia Rosas & Brasão (1880-1898), da responsabilidade do seu director, Vítor Pavão dos Santos

Filho de peixe, sabe nadar...

Em Lisboa, a 18 de Abril 1842 nascia João Rosa, numa família que viria a ser destacada como uma das mais notáveis famílias de artistas do teatro português. Em jeito de confirmar o provérbio – "quem sai aos seus não degenera" – pai e filhos, João Rosa e Augusto Rosa, foram todos ilustres actores.
Pai e filho partilhavam o mesmo nome – João Anastácio Rosa – sendo que ao filho foi atribuída a designação de Rosa Júnior. Pouco durou, no entanto, tal epíteto pois que cedo passou a ser conhecido simplesmente como João Rosa, recaindo sobre o seu pai a designação de Rosa Pai.
João Rosa sofreu a desventura de ser matriculado na Academia de Belas Artes, mesmo tendo, desde cedo, exprimido o seu desejo de representar. Caíra o seu pai no mesmo equívoco do seu avô, que quis orientar o Rosa Pai contra vontade para a Medicina. O destino desta gente era a arte de representar! Assim, inevitavelmente, aos 22 anos, João Rosa apresenta-se ao público pela primeira vez e ao lado do seu pai, no Porto, na comédia de César de Lacerda - As Jóias de Família. Esta seria então a primeira peça de tantas outras que o tornaram o actor mais célebre da sua época, tido como um homem elegante e sedutor, um verdadeiro galanteador nos palcos portugueses. Do Porto seguiu para Lisboa para o Teatro S. Carlos, o Teatro D. Maria, o Ginásio, o Teatro da Trindade, o Teatro do Príncipe Real… sempre com o mais feliz êxito e com um trabalho digno da maior admiração em cada papel.
O Teatro D. Maria II foi, durante um largo período, gerido por sociedades de artistas que se habilitavam à sua gestão por concurso. Assim, em 1880, a exploração do teatro nacional foi atribuída à Sociedade de Artistas Dramáticos, composta por João Rosa, Eduardo Brazão, Augusto Rosa, Virgínia, Rosa Damasceno, Pinto de Campos, Emília dos Anjos, Emília Cândida e Joaquim de Almeida. Grupo ao qual se juntaram no ano seguinte Gertrudes Rita da Silva e Amélia da Silveira. Em 1892, devido a desentendimentos internos, há uma desagregação da sociedade, passando no ano seguinte João Rosa, Augusto Rosa e Eduardo Brazão a serem os únicos societários. Deste modo nasce a companhia Rosas & Brazão, que é tida como uma das mais célebres e prestigiadas companhias da história do teatro português. Manteve-se até 1898, data em que houve uma cisão da companhia e os seus titulares foram contratados para o Teatro D. Amélia.
Foram dezoito anos de João Rosa passados no Teatro Nacional, pertencentes a uma das suas épocas mais notáveis, com inúmeras, brilhantíssimas e geniais criações e desempenhos.
Foi um ilustre professor do Conservatório Nacional, distinguido como actor de primeira classe e condecorado com a comenda da Ordem de Santiago da Espada (1), tendo passado a ser conhecido como o Mestre João. Pelos seus relevantes serviços prestados ao teatro português, foi-lhe ainda concedida a reforma.
João Rosa surpreendido por uma terrível doença, que começou a enfraquecê-lo e a deixar marcas como lapsos de memória, problemas de dicção e envelhecimento precoce, foi forçado a afastar-se do palco e consequentemente do público que guardou a sua imagem com tal saudade que, num espectáculo realizado em seu benefício (promovido pela Associação de Classe dos Artistas Dramáticos em 1909), ao vê-lo, repleto de admiração, o público estremeceu e num movimento unânime ergueu-se e fez-lhe a mais carinhosa aclamação. Esta foi a última recordação que o público pôde guardar deste esplêndido ser humano, pois no ano seguinte, no dia 15 de Março de 1910, João Rosa deixou o nosso mundo, permanecendo, irrefutavelmente, na memória de quem o conheceu.
João Rosa era um homem de muita dedicação, simples, sensato, possuidor de um coração impregnado das mais altas virtudes: bondade, amabilidade, generosidade… Pouco estudioso mas bastante intuitivo e inteligente, foi um artista prestigioso, imponente e sedutor, um verdadeiro galã que desencadeou delírios e paixões entre o público. Para António de Sousa Bastos (2), muitos se puderam distanciar pelas suas qualidades podendo ser classificados como os bons do teatro, tantos e tantos, mas sobre todos, João Rosa.


Prato-homenagem ao actor João Rosa, pertencente à colecção do MNT.



(1) Mais informações sobre a Ordem de Santiago da Espada: http://www.ordens.presidencia.pt/ordem_militar_santiago.htm
(2) BASTOS, Sousa – Recordações de Teatro. Lisboa: Editorial Século, 1947.

Existe em Lisboa uma rua com o nome deste actor, mas as fotografias não chegaram. A Bruxa promete que, assim que a nossa correspondente lhas enviar, ela afixa-as aqui.

Cá estão elas...




Da nossa correspondente 7.

Foi curta a vida...

José de Castro, pseudónimo artístico de José Manuel Pinhanços, nasceu em Paço de Arcos, a 16 de Novembro de 1931.
Frequentou o colégio Portugal, na Parede, onde se destacou em récitas escolares.
Foi convidado pelo grupo cénico Clube Desportivo de Paço de Arcos para protagonizar, num concurso amador do SNI o espectáculo Multa Provável, de Ramada Curto, a 22 de Janeiro de 1952.
Maria Lalande, um dos elementos do júri, ofereceu-lhe lugar na sua companhia, a funcionar no Parque Mayer. Estreia-se no teatro Maria Vitória com 17 anos na peça A Hipócrita. Após uma curta passagem por salas de Vasco Morgado, ingressa no D. Maria II, onde passa a fazer parte da companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro. No Nacional representa, a partir de 1956, As Velhacarias de Scapin (Molière), Santa Joana (G.B. Shaw), Clara Bonita (Pedro Lemos), Alguém Terá de Morrer de Luiz Francisco Rebelo, Castro de António Ferreira, A Ferida Luminosa (J. M. Sagarra), As Bruxas de Salém, de Arthur Miller.
Os êxitos sucedem-se em peças como Os comediantes, O Processo de Jesus (D. Fabbri), O Tio Simplício (A. Garrett), O Lugre, de Bernardo Santareno, representando ainda Shakespeare, Tennessee Williams entre outros.
As suas criações em O Rei Está a Morrer de Ionesco e Calígula de Camus no Teatro Trindade atingem a genialidade.
Faz teatro de revista com Raul Solnado e também com Carlos Cunha.
Actua no Frou-Frou e faz café-concerto dirigido por Sérgio de Azevedo, onde encarna Chez Madame Artur no musical Esta noite às 11.
A sua última peça, Legendas do cidadão Miguel Lino, de Miguel Franco, sobe à cena em 1975, no teatro Maria Matos, numa companhia organizada pela RTP.
Os seus principais prémios são: prémio da crítica por Processo de Jesus, prémio Eduardo Brasão por Romeu e Julieta, o prémio da Imprensa por O Tempo e a Ira e o prémio da Crítica por O Rei Está a Morrer. Recebeu ainda o ‘Prémio de Imprensa’ (1858/1964/1968/1970) e o de ‘Melhor Actor Português’ (1962/1972).


O cinema captou-o em apenas 3 filmes: 29 irmãos de Augusto Fraga, Poly au Portugal e Santa Aliança de Eduardo Geada.
Vítima de cancro de pulmão, José de Castro morre a 6 de Outubro de 1877 no hospital Santa Maria, em Lisboa, aos 46 anos de idade.
Em Paço de Arcos, existe uma estátua que o celebra e onde, todos os anos, se desenrola uma pequena cerimónia em sua homenagem.

Do nosso correspondente Esteves.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Na margem sul faz-se bom teatro...

Em 1971, o Grupo Teatral de Campolide começou a sua actividade no mundo do espectáculo. A companhia de Teatro de Almada provém desse mesmo anterior Grupo de Campolide. A primeira produção realizada no Teatro de Almada, foi O avançado-centro morreu ao amanhecer, de Agustin Cuzzani, com encenação do director do Grupo, Joaquim Benite.

Entre 1972 e 1976, também peças de António José da Silva, Pablo Neruda e Vírgilio Martinho foram também encenadas por Joaquim Benite. No ano de 1977, o grupo de Teatro de Almada obteve a profissionalização, e ocupava em Lisboa o Teatro da Trindade. Em 1978, as instalações do grupo do Teatro de Almada passaram a ser no Teatro da Academia Almadense e o grupo passou a chamar-se Companhia de Teatro de Almada.
Em 1988, após dez anos de actividade teatral em Almada, a companhia é convidada pela Câmara local a tornar-se companhia residente do Teatro Municipal de Almada. Desde então a Companhia de Teatro de Almada já estreou mais de cem produções de grandes textos da dramaturgia clássica e contemporânea. A Bruxa recorda-se de um espantoso Othello, em 1993, em que, sabiamente, o encenador fez das fraquezas do actor principal forças do protagonista, num resultante verdadeiramente interessante...

Foram convidados para dirigir as suas produções encenadores como José Martins, Fernando Gusmão, Vítor Gonçalves, Artur Ramos, Rogério de Carvalho, Jorge Listopad, Luís Varela, Joana Fartaria, Teresa Gafeira, Paulo Mendes, Peter Shrot, Peter Kleinert, Júlio Castronuovo, Ramón Perez, Monique Rutler, Joseph Szajna, entre outros.

Desde 1991 que a companhia edita a revista Cadernos, onde se tem feito alguma da melhor reflexão sobre teatro de que dispomos.
A Companhia de Teatro de Almada e a Câmara Municipal de Almada organizam todos os anos entre 4 a 18 de Julho o Festival Internacional de Teatro de Almada, com direcção de Joaquim Benite e Vítor Gonçalves, que já vai na sua 24ª edição.
Fica aqui uma fotografia do festival do ano passado.

Da nossa correspondente dos óculos encarnados.

Uma mulher maltratada...

Helena Félix e Luzia Maria Martins (Lisboa, 1926) tiveram, em 1963, a ideia de fundar uma companhia de teatro profissional cujo nome acabou por ser TEATRO ESTÚDIO DE LISBOA, que veio a ocupar o espaço do Teatro Vasco Santana, em Entrecampos.
Dirigido por Luzia Maria Martins, encenadora e dramaturga de grande cultura, o TEL foi berço de uma profunda renovação do teatro em Portugal: é uma das primeiras companhias de teatro independente a trabalhar com regularidade no nosso país. O seu reportório, cuidadosamente escolhido, pretendia alertar consciências e, devido a essa manifesta intenção, a companhia teve grandes problemas com a censura. A directora era conhecida por argumentar vivamente com os censores que, apesar de todas as dificuldades, deixaram por vezes passar textos que, à partida, não esperaríamos ver autorizados, como é o caso de As mãos de Abraão Zacut, de Sttau Monteiro, que estreou em 1969. Luiz Francisco Rebello, no seu livro 100 Anos do Teatro Português, diz que ela empreendeu “um sério e sistemático esforço de actualização do repertório” para o qual traduziu abundantemente o moderno teatro inglês, tendo adaptado e escrito originais.
Durante a sua existência, o TEL pôs em cena peças originais e adaptadas de vários autores conhecidos, tais como William Shakespeare, Arnold Wesker (a primeira Cozinha foi encenada por ela), Anton Tchekhov, August Strindberg e Luís Sttau Monteiro.

A Cozinha, TEL, 1971

Como actores, trabalharam lá em diferentes épocas, grandes nomes da televisão e dos palcos nacionais – Isabel de Castro, Anna Paula, Catarina Avelar, Felipe La Féria, Irene Cruz, Isabel de Castro, João Perry, Lia Gama e Victor de Sousa entre outros.
Luzia Maria Martins fez muito da sua aprendizagem teatral em Londres. Era filha de um conhecido cenógrafo – Reinaldo Martins – e era uma excelente técnica de luzes, o que não era vulgar à época. Diz quem sabe que obteve nota máxima em técnica de luz, num dos cursos que frequentou na capital britânica. Muito exigente, fazia um aturado trabalho de mesa e experimentação a cada texto que levava à cena.
A vida não era fácil e, doze anos após a sua fundação, o TEL teve que fechar as portas. Infeliz com as dificuldades que, apesar da revolução do 25 de Abril, a vida da companhia continuava a ter de suportar, amarga e desiludida, Luzia abandonou o teatro. Veio a morrer em 14 de Setembro de 2000.
O descaso em relação a esta mulher demonstra-se pela ausência de informações sobre ela na Net e bibliografia disponível, assim como pelo estado em que o teatro onde trabalhou se encontra.

Da nossa correspondente Belchior.

Anúncio à comunidade...


A Bruxa sabe que disse que a matéria do teste era a que fosse publicada aqui no Inferno até hoje. Mas a verdade é que há alguns aprendizes a dar ao dedo com força e que ainda não enviaram as suas contribuições.

Como o teste é só daqui a 13/15 dias, a Bruxa vai prolongar o prazo de publicação de matéria/informação/posts para o teste até segunda-feira.


A Bruxa tem ainda o grato prazer de informar os aprendizes que foram eles que fizeram o teste. Ou seja, o dito será constituído por um comentário a um dos textos distribuídos no início do módulo, uma série de perguntas escolhidas entre aquelas que vocês fizeram e uma wild card da Bruxa. Já que estamos em tempo de Estoril Open, aproveitemos o conceito...

Imagens diabólicas...

De vez em quando, caem na caixa de correio da Bruxa umas surpresas simpáticas...

Aqui ficam duas imagens diabólicas, do nosso correspondente Esteves que, ao que diz, as tirou no pátio da escola ali para os lados da Amoreira e lhes chamou "o céu está a arder" 1 e 2.

Falar ou cantar?

João Henrique Pereira Villaret nasceu a 10 de Maio de 1913 em Lisboa.
Foi actor de teatro e de cinema, encenador e também apresentou programas de televisão, mas é principalmente pela maneira como recitava poesia que é recordado. Depois de frequentar o Conservatório Nacional, que concluiu sem grandes notas, começou por se juntar à companhia de teatro Rey Colaço-Robles Monteiro e, mais tarde, fez parte da companhia teatral Os Comediantes de Lisboa, dirigida por Ribeirinho, onde alcançou grandes sucessos com peças como Miss Bá, Pigmaleão e Bâton, entre outras..
Da sua passagem pelo Teatro Nacional, que, na altura, se chamava Teatro de Almeida Garrett, conta-se uma história engraçada. Um dia, andava ele às voltas com um pequeno papel a que não sabia que volta dar, Adelina Abranches que, perto, fazia tricot e o ouviu lamentar-se, ter-lhe-á dito:
“Na sua idade e com o tempo de teatro que tem, não se dá feitio aos papéis: vai-se mal!” Ela lá sabia…
Villaret fez muitas revistas carnavalescas no Nacional, prática comum em todos os teatros da altura. Teve grande sucesso e cedo se destacou pela forma como dizia poesia. Em solos extraordinários divulgou muitos poetas junto de camadas de público que, por regra, teriam pouco acesso à poesia.

Villaret, diz Mário Jacques, afirmava de si próprio ser um actor de emoção pura, que muitas vezes acabava os espectáculos emocionalmente arrasado: “Empresto a minha alma à da personagem, tal como a imagino, e vivo integralmente os seus problemas”.
Em 1943, representa no D. Maria Electra e os Fantasmas de O’Neil, um dos papéis que mais marca deixou.
O grande momento da sua carreira de actor terá sido obra do acaso. Um dia, em 1954, rouco, vai a um otorrinolaringologista que lhe mostra uma peça que tinha escrito. Villaret entusiasma-se com o monólogo e, após cinco meses de trabalho, apresenta em palco, no antigo Teatro Avenida, as três personagens de diferentes nacionalidades da peça Esta Noite Choveu Prata de Pedro Block.
No cinema, João Villaret participou no filme O Pai Tirano (1941), onde interpretava o papel de um pedinte mudo. Mais tarde entra também em Inês de Castro (1944), em Camões (1946), em Frei Luís de Sousa - fazia de Telmo Pais - (1950) e em O Primo Basílio (1959).
Na televisão, João Villaret teve um programa aos domingos onde declamava poesia nacional e isto serviu para dar a conhecer os poetas portugueses ao povo português. Principal- mente Fernando Pessoa de quem era um grande admirador.
Apesar de não cantar, João Villaret venceu ainda na música e, em conjunto com Aníbal Nazaré e Nelson de Barros, deu origem a Fado Falado, criação que se tornou um clássico depois de ter sido apresentada na revista ‘tá bem ou não ‘tá? Está aqui, vão ouvi-la. Villaret gravou ainda mais "canções faladas" de que são exemplos Procissão e O Menino de sua Mãe.
João Villaret morreu, aos 48 anos, em 21 de Janeiro de 1961, devido aos diabetes de que sofria.

Quando, em 1965, Raul Solnado decidiu abrir o seu teatro na Avenida Fontes Pereira de Melo, em Lisboa, escolheu homenagear João Villaret. Da companhia que então se reuniu, faziam parte actores como José de Castro ou Eunice Muñoz.

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Do nosso correspondente Pedro.