terça-feira, 25 de março de 2008

Olhos luminosos numa grande actriz

Zita Glória Duarte Silva foi uma estrela do TEC. Nasceu aqui em Cascais a 17 de Fevereiro de 1944. Foi uma das fundadoras da companhia do Teatro Experimental de Cascais, juntamente com Carlos Avilez (encenador da companhia), em 1965. Aqui se manteve até 1975, tendo regressado anos mais tarde para continuar uma sucessão de trabalhos que alternaram entre a comédia, a tragédia e outros géneros.
Esopaida de António José da Silva (1965), A Maluquinha de Arroios de André Brun (1966), Fedra de Racine (1967), Bodas de Sangue e Casa de Bernarda Alba (Madalena) de Frederico Garcia Lorca (1968), Ivone, Princesa de Borgonha, de Gombrowicz (diz quem viu que foi um espectáculo memorável), Acto sem Palavras, de Samuel Beckett foram algumas das muitas peças que Zita representou com o TEC. Trabalhou com várias companhias como a Casa da Comédia, Cornucópia, Teatro Nacional, Empresas Vasco Morgado e ContraRegra. No arquivo do CETBase encontrarão (quase) toda a informação...


(A Zita é o/a barbudo/a da extrema esquerda)


Teve ainda uma extensa participação no cinema: A Ilha dos Amores (1982), Ninguém Duas Vezes (1985), Rosa Negra (1992), Requiem (1998) … e ainda participou nalgumas series de televisão. Escreveu e produziu episódios da série Mata e Esfola (1979). Foi vencedora do prémio para melhor actriz, em 1985, no Festival de Cinema de Rimini, com o filme Jogo de Mão (1984).
Zita dedicou a sua vida à representação no palco e à frente das câmaras. Com isto, foi reconhecida como uma das melhores actrizes portuguesas de sempre. Foi ainda professora da Escola Profissional de Teatro de Cascais. Morreu a 14 de Janeiro de 2000, vítima de um cancro, com apenas 56 anos.
Como homenagem à personalidade que Zita foi para o teatro português, o seu nome foi atribuído a um prémio que todos nós conhecemos, o prémio Zita Duarte da Escola Profissional de Teatro de Cascais, que recebem os dois alunos que tiveram melhor aproveitamento artístico no ano anterior ao da atribuição. E, para quem não saiba ou não tenha reparado, o seu nome foi também atribuído a um dos pavilhões da escola.



Da nossa correspondente Lia.



NOTA da Bruxa: A Zita era uma personalidade luminosa. Tinha uns grandes olhos, muito expressivos, um olhar claro, um belo sentido de humor, gostava imenso de gatos e… vinha para a escola de mota. Era impossível chegarmos ao pé dela e não nos tornarmos seus amigos…

9 comentários:

Anónimo disse...

ao saber estas coisas todas gostava de a ter conhecido....bjinhos Ricardo F

EDu Depp disse...

Penso que era conhecida do grande público como Zita Duarte! Lembro-me particularmente das suas aparições na TV: "Cabaret", "A mulher do sr. Ministro e "Grande Noite". Neste último, um dos seus números era uma sátira ao cemitério dos cães do Jardim Zoológico. Ela dizia:

"Alberto você foi na minha vida
o meu marido, o meu amante, o meu irmãooooo
Alberto você foi antes de tudo
o meu cão ão ão"

decorei isto em miúdo e nunca esqueci. lolol

Anónimo disse...

concordo com o Ricardo...-sem palavras-


D.Recibos

Anónimo disse...

Nunca falei com ela, mas lembro-me da última vez que a vi. Linda. Olhos gigantescos onde não cabia tanta Luz!

a rapariga disse...

Nunca falei com ela, mas lembro-me da última vez que a vi. Linda. Olhos gigantescos onde não cabia tanta Luz!

a rapariga disse...

O anónimo anteriorera eu... =)

A Bruxa das PAPs disse...

Ainda bem que se lembram...

Sofia disse...

Acto sem Palavras? A Zita Duarte fez o Acto sem Palavras no TEC?

Eis a razões do meu espanto:
1. O acto sem palavras (não sei se há alguma indicação para isso, mas calculo que haja), quando vi, era feito por um homem.
2. Não está traduzido para português, ou se está, esse trabalho acabou de ser feito há muito pouco tempo. Apesar de ser "sem palavras", é preciso traduzir os milhões de didascálias que deve ter.
3. No TEC? Tinha a leve impressão de que o encenador do TEC não morria de amores pelos trabalhos de Samuel Beckett...


Confesso que fiquei sem palavras... o acto ainda o tenho!

A Bruxa das PAPs disse...

Pois é, amiga Sofia: a Zita fez MESMO a peça de Beckett a partir de Setembro de 1971, no TEC. E sim, é verdade, foi traduzida. O culpado foi Thiago de Mello. E sim, também é verdade, o encenador do TEC não morre de amores pelo Beckett: a encenadora foi Águeda Sena, uma grande senhora do trabalho de corpo em Portugal, também ela uma ex-professora da escola ali para os lados da Amoreira. E agora? Que me diz?
Ora fique-se com o acto, sem as palavras e com a resposta.
Beijinhos