Aqui vai um de prenda para vocês, que são aprendizes das palavras. É do velho amigo teatreiro Lope de Vega (1562-1635) e é um soneto. Ou seja, são catorze versos de boa poesia:
Desmaiar-se, atrever-se, estar furioso
áspero, terno, liberal, esquivo,
áspero, terno, liberal, esquivo,
altaneiro, mortal, defunto, vivo,
leal, traidor, cobarde e animoso;
não ter, fora do bem, centro ou repouso;
mostrar-se alegre, triste, humilde, altivo,
agastado, valente, fugitivo,
satisfeito, ofendido, receoso;
fechar o rosto ao claro desengano,
beber veneno por licor suave,
olvidar o proveito, amar o dano;
acreditar que o céu no inferno cabe,
dar a vida e a alma a um doce engano:
isto é amor; quem o provou bem sabe.
O tradutor foi outro grande poeta: David Mourão-Ferreira
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