A festa é muito mais antiga do que o Cristianismo: ocorre no final da Primavera e – antes de ser Corpo de Deus – era uma celebração incluída nos ritos da Natureza, fundamentais nas sociedades agrícolas. Nessa festa – cujo nome a Bruxa não conhece - pedia-se à Mãe-Terra que, tendo florescido, frutificasse com abundância para que os homens pudessem alimentar-se. Mais tarde, com o advento do Cristianismo, sofreu o mesmo tipo de apropriação das outras festividades dos ritos da Natureza: foi “adaptada” à doutrina cristã. E a celebração do alimento que a Mãe-Terra oferecia, passou a ser a celebração do alimento que Deus dá aos homens.
Muito bem. Tiveram a explicação religiosa. Agora, vamos avançar para a área do teatro, que nos reuniu a todos na escola, ali para os lados da Amoreira.
Durante a Idade Média, era no dia da festa do Corpo de Deus que se representavam os ciclos de mistérios: a Primavera vai adiantada, o tempo está melhor, há um compasso de espera nos trabalhos da lavoura: as sementeiras estão a crescer, as árvores floriram e é preciso aguardar pelos resultados. Ou seja, numa sociedade agrícola como era a medieval, há um “feriado” possível no calendário das tarefas da agricultura. E foi assim que, com o tempo, se organizaram as representações dos ciclos de mistérios, que vieram a tornar-se o centro desta festa.
Não vou aqui recordar o que estudaram de teatro medieval e como se chegou à forma final dos ciclos. Fica a nota e uma das gravuras mais célebres das que restam dessa época, que representa um palco múltiplo, do género dos que se utilizavam para estes espectáculos.
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