terça-feira, 10 de junho de 2008

Um actor e várias companhias...

O actor Eduardo Brazão nasceu a 6 de Fevereiro de 1851, na Costa do Castelo, em Lisboa. Aos 8 anos já começava a ir ao Teatro D. Fernando, onde hoje é o Largo de Santa Justa, com a sua mãe e o seu pai. Jovem, entrou para a Companhia dos Guarda-Marinhas, mas logo a paixão pelo palco se tornou mais forte, bem como a vontade de se tornar actor.
Francisco Palha, ex-comissário régio do Teatro Nacional de D. Maria II, convida-o para fazer parte da futura Companhia do Teatro da Trindade. Na première representou-se o drama de Ernesto Biester, A Mãe dos Pobres. Seguiram-se diversas peças: Pecadora e Mãe, Barba Azul, Mocidade de Figaro, Alma Viva, Barbeiro de Sevilha, entre outras.
Após sair do D. Maria, Eduardo Brazão passou para o Gymnasio onde trabalhavam Cesar Polla, Joaquim de Almeida, Leopoldo Carvalho, Marcelino Franco, Maria da Dores, entre outros. Representou as peças High-Life e Enjeitados. Seguiram-se as peças Como se conhece o vilão, Pai Pródigo por Cesar Polla, Suzana, A Cristã, Leque da Duquesa e Não falta nem sobeja nada à minha mulher.
Em 1876, Eduardo Brazão foi convidado a ir a Pernambuco com Joaquim de Almeida, representar na Companhia da actriz brasileira Isménia dos Santos. Seguiu viagem para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na empresa de José António do Vale.
Terminado o contrato da empresa Santos & Ca. no Teatro D. Maria II, Ernesto Biester, convidou em 1877 Eduardo Brazão para dar nome à nova empresa: Biester, Brazão e Ca., uma vez que o Governo exigia que na firma da nova empresa figurasse o nome de um artista. Estreou-se a 14 de Março desse ano, com a peça D. Leonor de Bragança de Luís Campos. Seguiram-se Varina de Fernando Caldeira e Loucura ou Santidade.
Ficou célebre na época a sua interpretação de Kean, de Dumas. Representou ainda Oração dos náufragos, Angelo tirano de Pádua, Morgadinha dos Canaviais, Os Danicheff, Morta-Viva, Vida Infernal e o Amigo Fritz.

Eduardo Brazão no papel de Reitor em As Pupilas do Senhor Reitor

Em Junho de 1879, Eduardo Brazão foi convidado para ir representar ao Brasil, numa companhia de Pernambuco. Levou consigo o Kean, bem como Os Fidalgos da Casa Mourisca e a Morgadinha de Val'Flor. Seguiram-se representações no Pará (Teatro da Paz) e no Maranhão.
A 16 de Agosto de 1880 foi aberto um concurso para exploração do Teatro Nacional de D. Maria II. Foi então criada a Sociedade de Artistas Dramáticos composta por Eduardo Brazão, João Rosa, Augusto Rosa, Virgínia e Rosa Damasceno, Pinto de Campos, Emília dos Anjos, Emília Cândida e Joaquim de Almeida. Unidos, para fazerem face às pesadas exigência governamentais, conseguiram ganhar a exploração do teatro e a 30 de Outubro representou-se A Estrangeira de Dumas Filho.
Em Dezembro de 1881, a Sociedade acrescenta ao seu elenco a veterana Gertrudes Rita da Silva e Amélia da Silveira. Em 1882, com a pretensão do Governo abrir novo concurso, a Sociedade consegue continuar na exploração do teatro por mais seis anos. Contudo, a Sociedade veio a dissolver-se por desentendimentos internos e, em 1893, constitui-se a firma Rosas & Brazão. João e Augusto Rosa e Eduardo Brazão passam a ser os sócios totalitários.
NOTA: No Bombarral, há um teatro com o seu nome.

Do nosso correspondente Tiago.

3 comentários:

Unknown disse...

Gostaria de saber mais sobre este actor, visto ser meu bis-avô e eu não ter nenhum conhecimento sobre a sua vida.
Obrigado

A Bruxa das PAPs disse...

Olá João!
Antes de mais nada, sugiro-lhe que procure a "porta para outros infernos" do Centro de Estudos de Teatro. Aí chegado, procure no CETBase, ficha de pessoa, o nome do seu bisavô. Vou pensar onde pode encontrar mais qualquer coisa e logo lhe direi.
Não sei onde mora, mas se vive na zona de Lisboa, pode sempre ir até ao Museu do Teatro, no Paço do Lumiar, e ver o material que têm, quer em exibição, quer na biblioteca e fundos fotográficos. Há muita coisa sobre este actor.
Um abraço

Daniel disse...

Para o João. Há uma autobiografia deste actor na biblioteca da Universidade Católica de Lisboa.